A Filosofia de um Gigante
- Criado em 28/08/2019 Por Júlio César Ferroni Gomes
Steve Jobs por Walter Isaacson é um livro do qual podemos tirar muitas lições pessoais e profissionais, que levaram um grande homem a deixar compulsoriamente a empresa, que ajudou a fundar, e, alguns anos depois, ser chamado de volta para torná-la pioneira mundial em tecnologias da informática e da comunicação.
Ao tentar entender um pouco sua personalidade explosiva e idealista, podemos verificar que o seu sucesso não ocorreu exclusivamente em razão de sua genialidade. Jobs sabia que nada poderia fazer sozinho, razão pela qual, em todos os momentos de sua vida, procurou estar rodeado por pessoas mais inteligentes que ele mesmo e motivadas por um idealismo parecido com o seu.
Por onde passou soube propiciar às pessoas que elegia, as quais reuniam inteligência e idealismo como características marcantes, um ambiente de trabalho adequado e a promessa de que o resultado de seus esforços profissionais iria revolucionar o mundo.
Jobs sabia que era uma pessoa diferenciada, contudo, compreendia que nada poderia fazer sozinho, que sem uma boa equipe, que reunisse as qualidades que admirava e achava necessárias, não poderia criar as tendências de mercado e entregar para as pessoas tecnologia baseada na perfeição da relação entre software e hardware, bem como baseado em design de bom gosto para ser simplesmente contemplado, ainda que não influenciasse em nada ao rendimento de suas máquinas.
Foi isso que o atraiu Mike Markkula, que investiu dinheiro para o desenvolvimento da Apple. Contudo, além de participar da administração da nova e promissora empresa, Markkula levou para a criação de Jobs e do cofundador Steve Wozniak a ideia de que a Apple deveria ter uma filosofia de marketing baseada em três palavras, que representavam ideias: empatia, foco e imputar.
Dessa forma, a empresa de dois jovens talentosos passou a compreender melhor do que todas as outras empresas do ramo da informática as necessidades dos seus clientes. Entendendo essas necessidades, poder-se-ia construir uma relação íntima com as pessoas, o que refletia como resultado na preferência pelos produtos da Apple no mercado.
Contudo, não bastava ter uma relação íntima com o cliente baseada na empatia, deveria isso ser complementado pelo foco, através do qual a empresa ignorava completamente aquilo que não interessava aos projetos, baseados nas necessidades dos clientes. Assim, evitava-se o desperdício de energia, que era toda direcionada para aquilo que motivava a relação com o cliente.
Além disso, de nada adiantaria uma relação de empatia e o foco no trabalho se o cliente não enxergasse os produtos da Apple nas prateleiras das lojas. Ou seja, a primeira impressão do produto é a sua embalagem, que vai atrair o cliente, o qual, a partir de então, terá a possibilidade de descobrir que o conteúdo é tão bom quanto o seu invólucro. Costuma-se dizer que um bom livro é reconhecido pela sua capa, tendo em vista que de nada adiantaria um bom conteúdo literário estar escondido atrás de uma capa feia e sem graça numa livraria. Caso isso ocorresse, seu conteúdo poderia deixar de ser lido porque ele não seria percebido em meio aos demais livros, que poderiam inclusive apresentar o conteúdo pior e desatualizado.
Entretanto, não basta ao bom livro uma capa bonita e com estilo, a sua leitura somente vai satisfazer ao leitor se seu conteúdo for bom e atender as necessidades de quem o escolheu em meio às demais obras. É isso que significa o imputar de Markkula, através do qual a Apple deveria se preocupar com a sua imagem e com a imagem de seus produtos, pois, esses sinais enviados ao cliente é que vão fazer com que sejam escolhidos e consumidos no mercado. Não basta ter um produto com boa qualidade, deve também ser percebido pelo cliente.
Essa filosofia pode servir como inspiração, também, aos prestadores de serviço. Estes, como os advogados, por exemplo, podem criar uma empatia com os seus clientes, notando, através de uma sensibilidade apurada, do que eles necessitam e entender essas necessidades a fim de que sejam supridas com competência e profissionalismo. Se isso acontecer, esses clientes indicarão o advogado a novos clientes em potencial, sob o argumento de que se trata de um profissional que entende e atende seus anseios.
O foco, na prestação de serviços advocatícios, também, pode fazer com que todos os processos de trabalho realizados no escritório convirjam para se alcançar resultados com base na necessidade real dos clientes. Caso algum setor se desvie disso, deve ser repensado a fim de que seus colaboradores possam ser reaproveitados e/ou remanejados, com base nas suas expertises e habilidades.
Imputar também pode ser um verbo presente na vida dos escritórios de advocacia. O fato de não possuir uma capa para ser bela e atraente como um bom livro, pode-se, contudo, buscar desenvolver outros sinais a serem enviados aos clientes em potencial. Um excelente sinal, nos dias de hoje, é um cartão de visita de bom gosto, por exemplo, o qual remete a curiosidade do cliente a uma página na internet sóbria e eficaz, com conteúdo e informação atualizados e que dê uma demonstração virtual do que realmente funciona na prestação de serviço e no escritório, apresentando os profissionais com as suas graduações e links, que direcionam o futuro cliente a outras páginas úteis.
Isso tudo pode ser feito por um escritório de advocacia, ainda que o objeto do negócio seja a prestação de serviços. Ou, pelo menos, pode servir de um bom começo ou inspiração aos advogados que buscam o crescimento ou simplesmente o desenvolvimento da qualidade do trabalho oferecido aos clientes.