QUANTO ESTÃO TE PAGANDO PRA VOCÊ DESISTIR DOS SEUS SONHOS?
- Criado em 01/02/2021 Por Marlon Damasceno Dos Santos
Daqui a 07 (sete) meses, completarei 03 (três) anos de advocacia. Portanto, sou novel advogado e ainda usufruo do benefício da redução no valor da anuidade (rs). Dizem que o advogado é considerado jovem advogado até os primeiros cinco anos de carreira. Então, tenho clara consciência de que há um vasto universo à minha frente a desbravar, no que diz respeito à advocacia (questões processuais, manhas e artimanhas, atuações nos tribunais da vida, experiências mil - sejam elas boas ou ruins), mas de uma coisa sempre tive convicção: não ser empregado de outro advogado/escritório.
Não, meus caros, não estou condenando os que assim desejam trabalhar nem julgando que ser empregado é uma péssima ideia e que os advogados empregadores são gente do mal (rs) que só querem te pagar mal e explorar ao máximo a mão de obra (embora haja, infelizmente, uma parcela de verdade nisso).
A verdade é que cada um deve trilhar seu caminho e descobrir o que lhe é melhor. Eu descobri o meu, muito antes de me formar e ser aprovado no Exame da Ordem. E isso faz toda a diferença!
Quando eu comecei a graduação em Direito (minha segunda graduação), eu já era servidor público do Estado (SP), concursado e estabilizado no cargo (após estágio probatório) - tinha uma função, embora relativamente burocrática, mas era dentro da minha formação profissional (área administrativa). Tinha um salário razoável (bem acima dos meus colegas da iniciativa privada, em igual função), benefícios diversos e certas regalias típicas do funcionalismo público. Ah.. o mais importante: a tranquilidade de não ser mandado embora e poder financiar por anos um veículo ou imóvel.
Para completar, ainda trabalhava a dez minutos de carro de onde morava (podia, se quisesse, dar-me o luxo de ir almoçar em casa), tinha minha própria mesa e ninguém me "enchia o saco" desde que eu cumprisse os prazos e tarefas. Era tudo o que muitos desejam... Ainda assim, tinha uma única certeza: de que queria advogar e não seria como empregado. Fosse para ser empregado, eu já estava muito bem posicionado e nem em cinco anos ou talvez mais um pouco, eu teria os mesmos ganhos que já tinha como servidor público, o que diria se fosse como advogado júnior (estagiário que ganhou um "up grade" rs)?
Havia, contudo, um porém: eu sequer havia estagiado em todo meu período de graduação - não conhecia absolutamente nada de sistemas judiciais (PROJUDI, E-SAJ, PJE ETC.), não tinha padrinho advogado para "bancar" meus primeiros passos e, obviamente, não tinha juntado um único tostão para "sobreviver" aos primeiros meses ou ano, para custear minha nova fase. Mas, repito, eu só tinha uma única coisa a meu favor: certeza! E isso (acredite) fez toda a diferença!
Lógico que passei perrengues, aperto financeiro (aluguel, pensão alimentícia, financiamento de carro, cartões de crédito etc), mas eu havia pedido demissão e não iria voltar atrás. Pensei comigo: até gente sem formação acadêmica, quando quer - de verdade - consegue "se virar nos trinta" - não é possível que eu não consiga (formado!!!) tendo um abre-portas nas mãos (carteira de habilitação profissional OAB) no mínimo, ganhar o mesmo que eu recebia como assalariado?! E o que eu fiz? Fui pra cima!!!
Sabe, a verdade é que muitos não procuram fazer valer seus cinco anos de estudos (+ aprovação na Ordem) e se submetem a trabalhar por um salário abaixo do que merecem ou precisam (e, não raras vezes, com uma carga horária desproporcional aos ganhos), não porque sonhavam em ser empregados daquela renomada banca de advocacia e, quem sabe, com paciência e muita paciência, daqui uns bons anos, "virassem" advogados de verdade naquele escritório e começassem a receber algo parecido com o justo, de maneira alguma; simplesmente o medo ou a falta de confiança em si é que os aprisionam a viverem uma vida profissional bem diferente do que almejavam, ainda na faculdade.
Repito: não estou - de forma alguma - demonizando o fator emprego. Empregos são importantes, óbvio! Se todos forem "patrões" quem serão os empregados? É evidente que uma sólida carreira em um distinto departamento jurídico de uma boa empresa ou um grande escritório, trás lá suas benesses
A questão aqui é que se você não estiver certo de que nasceu para seguir ordens, respeitar os horários (só os de entrada rs) - esticar (quase, frequentemente) a jornada de trabalho e se contentar a receber apenas uma vez ao mês e com aumentos reajustados, anualmente (regra) - com o ônus de - eventualmente - ainda ter que levar trabalho pra casa, eu te digo que você está perdendo seu precioso tempo e perdendo, também, o tempo da empresa/escritório (sim!) e; ainda, ocupando o lugar de alguém que estaria muito feliz em seu lugar.
Neste ponto (se você leu o texto até aqui) eu faço a ti a mesma pergunta que eu faço, com frequência: quanto estão te pagando por mês, para você desistir dos seus sonhos?
Caro colega causídico (a), se você ainda não percebeu, é muito mais vantajoso empreender na advocacia do que guerrear no mercado por uma vaga que não satisfará seus anseios profissionais (tampouco o bolso).
Trabalhe de forma inteligente, para conquistar seus próprios clientes e receba (queira) honorários, não salários.
Advocacia autônoma: a estabilidade é incerta, mas a liberdade é recompensadora!
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