Mediação: por uma advocacia mais humanizada
- Criado em 14/09/2020 Por Veridiana Tavares Martins
Na era do compartilhamento e da sociedade líquida, há um movimento de resgate de valores sustentáveis e humanizados, nos quais busca-se compreender que a conexão humana é tão, ou mais, importante do que a conexão wi-fi. O cenário estabelecido demanda uma mudança de mentalidade e comportamento dos advogados e exige uma inovação disruptiva, isto é, uma forma de inovar que rompa com um processo padrão, ensejando uma mudança comportamental.
Como fazer isso? Isso pode ser feito através de uma advocacia que lide com os conflitos de forma humanizada, focada nos interesses do cliente, valendo-se de elementos de avaliação subjetiva, onde os seres humanos não sejam tratados como um número. De forma colocar em prática? O ambiente para exercer essa advocacia é através da mediação.
A advocacia litigiosa, exercida através do processo judicial, está focada na subsunção, ou seja da adequação do caso concreto a uma norma jurídica. A advocacia consensual, exercida através da mediação, torna-se mais humanizada pois não enxerga o cliente apenas como um ser detentor de direitos, mas também de sentimentos, necessidades e interesses que não estão adstritos à lei.
É importante compreender que, salvo as questões de direito público, sobre as quais não se tem muita ingerência, os processos que envolvem direito privado possuem sua origem muito mais ligada a insatisfação humana do que à violação de direitos.
Embora a legislação descreva "os direitos" (o pedido daquele que reclama em juízo), inúmeras vezes a violação desses direitos, por si só, não é gatilho para ensejar um processo judicial. A experiência forense tem mostrado que a maioria dos processos são desencadeados a partir de sentimentos de insatisfação. Contudo, o processo judicial não vai tratar desse sentimento de insatisfação, ele vai se limitar ao que diz a lei. Para atender os reais interesses do jurisdicionado a forma mais adequada é a mediação.
A mediação permite o exercício de uma advocacia mais humanizada, a qual passa a enxergar o cliente além do Direito, como alguém que apesar - e pelo próprio - conflito precisa ser visto, escutado e auxiliado para encontrar uma solução digna e que contemple suas reais necessidades.